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Terra Sem Lei: A violência contra os povos da floresta em Rondônia
Notícias
Publicado em 04/04/2024

No coração da Amazônia, a Terra Indígena Zoró, localizada na divisa entre Rondônia e Mato Grosso, tornou-se o mais recente palco de um conflito que parece não ter fim

 

Na manhã do último sábado (20-03), um ato de violência chocante sacudiu a comunidade local: a camionete de Zan Zoró, uma das lideranças do povo Zoró, foi incendiada. Segundo relatos dos indígenas, o ataque foi obra de grileiros, madeireiros ou invasores, que, desafiando a lei, não querem deixar a terra indígena.

 

 

Esta agressão não é um evento isolado, mas sim um sintoma alarmante de uma crise mais ampla que afeta Rondônia e, por extensão, toda a Amazônia brasileira. Os povos tradicionais da região enfrentam uma luta constante pela preservação de seus territórios, ameaçados pelo avanço de monoculturas de soja, pela destruição da floresta para criação de gado e pela especulação imobiliária.

 

 

Neidinha Bandeira, ativista ambiental e voz dos sem-voz, relatou ainda que além do incêndio, foram feitos disparos contra a casa da liderança indígena, felizmente sem deixar feridos. Mas a sensação de impunidade reina, com os agressores permanecendo dentro do território, ameaçando os Zoró sem qualquer temor de represálias. Os apelos por ação e proteção das autoridades, incluindo a Funai, o Ibama e a Polícia Federal, até agora, parecem ter caído em ouvidos surdos.

 

 

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A situação de Rondônia é especialmente grave. O estado se destaca no cenário brasileiro pelos conflitos agrários, crimes ambientais e violência contra os territórios indígenas, ostentando registros de mortes de lideranças indígenas e intensas disputas por terras. Em 2022, Rondônia ficou em terceiro lugar no número de conflitos por terra na Região Norte, e os primeiros meses de 2023 já contabilizam o maior número de assassinatos no campo no estado, com cinco vítimas fatais, todas sem-terra em acampamentos.

 

Além da violência, a região enfrenta uma crise ambiental sem precedentes. A área conhecida como AMACRO, na divisa com os estados do Amazonas e Acre, foi identificada pelo Greenpeace Brasil como a maior “Fronteira de Desmatamento” do país. O estudo revelou a existência de planos de manejo florestal que, ilegalmente, devastaram vastas áreas de floresta, incluindo terras públicas federais que deveriam estar protegidas.

 

 

Esses eventos não são apenas tragédias isoladas; eles fazem parte de um padrão mais amplo de desrespeito pela lei, pelos direitos humanos e pelo meio ambiente. A Terra Indígena Zoró e seus habitantes são apenas as vítimas mais recentes de um modelo de desenvolvimento que sacrifica o patrimônio natural e cultural do Brasil em nome do lucro.

 

O desafio que se apresenta é imenso. A proteção dos povos tradicionais e de seus territórios exige mais do que palavras; requer ação concreta e imediata. A questão que permanece é: até quando os gritos de socorro vindos das profundezas da Amazônia serão ignorados?

 

Com informações: vozdaterra.com

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