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Conselho da Vale nomeará "de forma célere" novos membros substitutos após renúncias
Notícias
Publicado em 02/07/2024

Logo da Vale 4/02/2019 REUTERS/Washington Alves

Por Marta Nogueira (Reuters)

- A Vale informou nesta terça-feira que seu conselho de administração buscará recompor seu quadro "de forma célere", após duas renúncias em menos de quatro meses terem deixado o colegiado com menos conselheiros independentes do que o exigido pelas regras internas da companhia.

 

As renúncias ocorreram em meio a tensões no conselho de administração, relacionadas ao processo de sucessão do presidente Eduardo Bartolomeo, cujo mandato se encerra no fim deste ano, segundo duas fontes afirmaram,  na condição de sigilo.

 

Com a saída dos dois membros, o número de conselheiros independentes no colegiado somará seis, abaixo dos sete exigidos pelo estatuto social da companhia. Sem ambos, o colegiado ficou com um total de 11 membros.

 

Não ficou claro imediatamente se um conselho incompleto paralisa algum processo na empresa. O colegiado tem competência exclusiva, por exemplo, para decidir sobre a escolha do presidente da companhia.

 

Os novos integrantes que serão nomeados servirão até a próxima Assembleia Geral Extraordinária, cuja convocação ocorrerá posteriormente, segundo a Vale. A seleção de nomes será conduzida pela consultoria Korn Ferry.

 

Na véspera, a conselheira Vera Marie Inkster renunciou ao cargo, segundo comunicado da mineradora, que não informou motivos e agradeceu pelos serviços prestados desde 2023.

 

Segundo uma das fontes, a decisão de Inkster teria ocorrido após discordâncias em reunião do colegiado na última sexta-feira, sobre a conclusão de apuração independente realizada pelo TozziniFreire Advogados, relativa aos procedimentos adotados para deliberação sobre o processo sucessório de Bartolomeo.

 

A conclusão de TozziniFreire, apresentada ao conselho na sexta, foi de que a governança da companhia foi respeitada conforme competências previstas no estatuto social, nas políticas e nos regimentos internos, de acordo com comunicado da Vale na própria sexta-feira.

 

A saída de Inkster veio após o então membro independente José Luciano Duarte Penido ter renunciado em março, quando enviou uma carta ao presidente do conselho da empresa, apontando que o processo de sucessão do CEO na mineradora estava sendo conduzido de maneira manipulada, com influência política, segundo o documento visto pela reportagem na ocasião.

 

"A renúncia da Marie, que é conselheira independente, estrangeira, traz a carta ao valor presente. Esse é o dado. E escancara que você está com o conselho administrativo em crise grave", afirmou a segunda fonte na véspera, na condição de sigilo.

 

Penido defendia a renovação do mandato de Bartolomeo, segundo a Reuters publicou à época com fonte. Mas o conselho decidiu também em março, por ampla maioria, manter o CEO no cargo apenas até o fim deste ano.

 

Atualmente, está definido que Bartolomeo vai apoiar a transição para a nova liderança no início do ano que vem e atuará como advisor até 31 de dezembro de 2025, segundo informou a Vale anteriormente.

 

A definição ocorreu após o governo ter feito críticas sobre os rumos da mineradora e ter dado sinais públicos de que buscaria influenciar na escolha de um novo executivo. O conselho da Vale, porém, tem competência exclusiva para decidir sobre a escolha do presidente da companhia.

 

Desde que a Vale passou a ter um controle pulverizado, novas normas foram estabelecidas na mineradora para tentar blindar a governança corporativa da companhia de interferências políticas.

 

A empresa ainda tem como importante acionista a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que é uma instituição de economia mista controlada pelo Estado brasileiro.

(Por Marta Nogueira)

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